"Há mais coisas entre a Bossa Nova e a Nova Bossa do que a vã filosofia"

— Julia Campos

Sobre Gui Faria

Nascido em Belo Horizonte, Minas Gerais, Gui cresceu em um ambiente que incentivava a música. Filho de um flautista amador, o jovem músico esteve em contato desde cedo com grandes nomes da música erudita e do rock, como Bach, Heitor Villa-Lobos, Pink Floyd e Beatles. Do lado da mãe, foi influenciados pelos mais diversos estilos musicais populares brasileiros, como Gilberto Gil, Clube da Esquina e Ivete Sangalo.

A intercessão dos gostos musicais dos pais em músicos como Dominguinhos, Uakti e Sivuca também influenciaram a cabeça do jovem músico brasileiro que sempre foi apaixonado por todo tipo de som.

O começo de sua vida musical foi consideravelmente cedo, começando as aulas de piano e musicalização com 3 anos. Piano sendo o instrumento que estudaria até os 14, quando o “largou” para aprender violão.

Dos 14 aos 19, Gui se dedicou exclusivamente a aprender uma mistura de repertório popular, brasileiro e internacional, e erudito no violão de nylon.

Ao chegar em São Paulo, em 2022, o músico quebrou o pé andando de skate, o que o obrigou a ficar em casa, situação que o iniciou na composição, escrevendo sua primeira canção “A vinda” aos 19 anos.

Divido entre compor e estudar na faculdade, Gui se dedicou ao violão comum de nylon até o início de 2024, quando conheceu o violão tenor.

Assistindo uma entrevista com Jacob Collier, duas coisas chamaram a atenção do curioso instrumentista, a citação à um guitarrista apaixonado por música barroca, Ted Greene, e o instrumento de 4 cordas que inspirou Jacob a criar seu violão, o violão tenor.

Ao longo de 2023, Gui estava procurando uma afinação diferente para seu violão, experimentando as mais diversas possibilidade, como faz Dori Caymmi, no entanto nenhuma era exatamente o que ele queria. Ao ver Jacob citando o violão tenor, Gui lembrou de ter ouvido falar deste instrumento antes com um professor da faculdade, Pedro Ramos, que é tenorista.

Ao conversar com Pedro e pegar algumas referências, como o grande músico Garoto, o músico começou a se aventurar afinando seu violão de nylon em quintas, e arrebentando muitas cordas no processo.

Depois de conversar com Marcão, luthier da faculdade, Gui imaginou um violão tenor de 5 cordas de nylon que aguentaria a afinação, no entanto seria necessário comprar e modificar um violão já existente.

Com a chegada de seu aniversário, Gui pediu aos pais, que sempre incentivaram suas empreitadas musicais, um violão 3/4 para modificar e pediu a namorada a modificação no luthier Rafael Miyamoto.

Agora finalmente com o tenor de 5 cordas de nylon em mãos, o músico pode começar a desenvolver sua sonoridade particular, que é característica e única de sua música.

Não satisfeito com seu nível musical/conhecimento, ainda em 2024, Gui voltou a fazer aulas de piano, em conjunto a aulas de composição, com o compositor/pianista brasileiro Edson Sant’anna.

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Uma Nova Bossa

Em meados de 2018, Gui encontrou em casa um livro que pertencia à seu pai, Tom Jobim - Songbook volume 2, e à partir daquele momento surgiu uma paixão descomunal pelo samba, pela bossa e por um jeito diferente do que estava acostumado de tocar violão.

Ouvindo cada vez mais Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Toquinho, o jovem foi lentamente se aproximando da “estética bossa novística”, até que em 2020 o músico abraçou de fato o gênero e idealizou o sonho de escrever um álbum de Bossas e Sambas, projeto que ficou intitulado desde sua fase embrionária de Nova Bossa.

Ainda em Belo Horizonte, Gui estudava violão e conceitos básicos de teoria para vestibulares mas não conseguia se dedicar a composição da forma que desejava, tanto por falta de prática e conhecimento teórico quanto por falta de compreenção do mundo e de seus sentimentos, o que o fez, por frustração, parar de escrever.

Depois de conhecer sua atual namorada, Malu, o jovem compositor começou, quase que por instinto, a escrever novamente. No entanto, apesar de estar mais em contato com seus sentimentos, o conhecimento teórico do músico ainda não havia chegado ao nível que desejava para escrever músicas belas como as que tinha como referência.

Ao se mudar para São Paulo, o jovem entrou de cabeça no mundo da música, sem nunca tirar o olho de seu sonho de escrever novas bossas. Foi lá que Gui mergulhou em aulas, livros de teória e análises para entender, absorver e poder finalmente escrever músicas bonitas e rebuscadas, como sonhava.

Depois de 5 anos sonhando, estudando e compondo, Gui finalmente juntou algumas composições autorais e alguns clássicos e montou um show intimista de voz e violão, intitulado “Uma Nova Bossa”, onde apresentou pela primeira vez ao mundo suas composições e seu novo violão.

Violão Tenor

Desde pequeno, Gui sempre teve interesse e curiosidade por todos os instrumentos, tendo estudado piano, flauta transversal e violão, instrumento com de quem mais se aproximou. No entanto, apesar de seu amor pelo violão, o músico sempre sentiu vontade de fugir do estudo comum do instrumento, estudando coisas diferentes das que eram passadas por seus professores.

Em 2023, quando já estava na faculdade, seu cientista interior entendeu que a uma das formas de sair da caixa em seu instrumento era experimentando novas afinações. Assim como Dori Caymmi, começou a afinar seu violão em diversas afinações diferentes, tanto conhecidas como D A D F# A D, como afinações loucas que o próprio estudante inventava em casa. Apesar da iniciativa interessante, o estudante nunca estava verdadeiramente satisfeito com o resultado de suas empreitadas científico-musicais, até que ouviu falar do violão tenor.

Assistindo a entrevista de Jacob Collier, realizada por Rick Beato, Gui se interessou pelo violão de Jacob, que é um violão de 5 cordas, mas mais do que pelo violão de Jacob, que possui uma afinação muito particular, o jovem músico se interessou pelo instrumento citado por Collier, o violão tenor.

Assim que entrou na faculdade, Gui fez aulas práticas de banda de choro com o tenorista Pedro Ramos e ao associar a citação de Jacob com o instrumento de seu professor, Gui logo procurou Pedro para saber mais sobre esse tipo diferente de violão.

Pegando referências como Garoto e Zé Menezes, o pesquisador logo se interessou pela sonoridade e pela brasilidade do instrumento. Só havia um pequeno impecilho, as cordas de aço.

Gui é um músico que gosta de uma sonoridade suave, e sempre foi, desde o início de seus estudos, apaixonado pelo som do violão de nylon, achando o som das cordas de aço muito estridente. Nesse momento, Gui se viu novamente com um pedra em seu caminho.

Não vendo motivos para se prender ao violão tenor comum, o músico começou a “desafinar” seu violão de nylon e o afinar em quintas, atitude que lhe custou alguns encordoamentos, já que a tensão na corda mais aguda era muito grande para o tamanho do violão.

Na época de testes do novo instrumento, ainda em seu violão comum, Gui afinava as 4 cordas mais agudas com a afinação do tenor comum, C G D A, porém sempre sentia falta dos graves característicos do violão brasileiro. Foi então que o músico pensou “No lugar de ficar estourando cordas vou afinar as 4 cordas em quintas a partir do F (F C G D)”, nota que seria anterior ao C em uma afinação de quintas. Agora já não sentia falta mais dos graves, mas começou a sentir falta dos agudos.

Por causa da tessitura de sua voz, Gui percebeu que o som de suas músicas estava muito confuso, não conseguindo ouvir bem nem o violão nem a voz. Foi então que Gui decidiu novamente se distanciar da tradição dos tenoristas brasileiros e “criar” um instrumento que tivesse 5 cordas e englobasse tanto os graves quanto os agudos. Foi quando começou a afinar seu violão, com auxílio de um capotraste, em F C G D A, que seu tenor nasceu.

Se desprendendo das tradições tenoristas de instrumento solista com 4 cordas de aço, Gui finalmente concluiu sua pesquisa por uma nova sonoridade, só faltando agora ter o instrumento de fato.

No final do primeiro semestre de 2024, Gui começou a pensar sobre como faria esse violão e apresentou sem problema à Marcão, luthier responsável por dar manutenção aos instrumentos de sua faculdade. Depois de conversarem sobre o assunto, o luthier sugeriu que Gui modificasse um violão requinto ou um violão 3/4, por que como são menores, o instrumento provavelmente aguentaria a maior tensão sem estourar as cordas.

Aproveitando seu aniversário, que era em aproximadamente 1 mês, o jovem músico aventureiro explicou todo seu processo de busca por um novo som e pesquisa à seus pais, que o presentearam com metade do valor do violão. Com o violão 3/4 em mãos agora Gui precisava o modificar, o que seria tranquilo caso o músico não tivesse gastado todo seu dinheiro comprando a outra metade do violão.

Então, em um ato de enorme heroísmo, Malu, sua namorada, o presentou com a modificação do violão, que foi realizada com o luthier Rafael Miyamoto, trocando o rastilho e o nut do violão e reformando o cavalete.

Desde então, Gui se dedica quase que exclusivamente ao seu tenor diferente, com 5 cordas de nylon, descobrindo novos acordes e melodias que não viriam à cabeça, ou às mãos, em nenhum outro instrumento.